segunda-feira, 25 de julho de 2011

ARTIGO: Convivendo com as diferenças

Em tempos em que se fala tanto em inclusão dos portadores de necessidades especiais na sociedade, fica a pergunta: Isso é mesmo o que acontece ou é apenas alarde e devaneio?

Quem convive com algum tipo de deficiência, seja ela sua ou de alguém próximo, sabe que muitas vezes o que é dito não é colocado em ação, e acabamos naquela situação que todos conhecem, ou seja, na teoria tudo é bonito e fácil, pois o papel aceita tudo sem reclamar, mas na hora em que essa teoria tem que ser aplicada, é que começam a aparecer as dificuldades, a falta de preparo e principalmente a pouca vontade de alguns para que seja facilitada a vida e realizada a verdadeira inclusão desses portadores de necessidades especiais na sociedade, sendo reconhecidos como seres capazes, apesar de suas limitações.

Sei por conhecimento de causa, das dificuldades que encontramos pelo caminho e posso garantir que não são poucas e na maioria das vezes não são casos isolados. Sei também que isso não acontece apenas comigo, mas com todas as pessoas que lutam e querem que seus filhos ou próximos tenham uma vida o mais perto da normalidade e com todos os seus direitos reservados como qualquer ser humano.

Tive uma dificuldade bem grande em relação ao direito à educação de minha filha, que começou em uma escola em que ela era apenas ouvinte em uma classe especial, e freqüentava apenas meio turno, ou seja, ficava na escola até o horário do recreio. Contentava-me, pois ela estava interagindo com crianças da sua idade e estava ouvindo o que a professora explicava, ou seja, estava absorvendo conhecimentos.

No início do ano letivo, quando as aulas começaram, fui chamada à secretaria e informada de que a minha filha não poderia mais freqüentar a escola, pois o Estado a estava encaminhando à uma escola especial. E agora me perguntem: O Estado? Pois é, o próprio que alardeia aos quatro cantos que a inclusão deve ser feita de forma com que os portadores de necessidades especiais tenham os seus direitos adquiridos e reconhecidos. O mesmo estava tirando o direito de minha filha de estudar, estavam lhe privando a educação pelo fato dela ter uma deficiência física e a estavam encaminhando para uma escola aonde ela não tinha indicação de freqüentar. Chega aí o ponto em que falei no início, será a inclusão algo concreto ou algo tão dificultoso para os pais, que acabam cansando, desistindo de tanto baterem em portas que não se abrem que deixam os seus filhos em casa pelo fato de alguns acharem que é muito difícil colocar em prática o que existe na teoria?

Em um país onde a população é cerca de 192 milhões de habitantes e destes mais de 24 milhões possui algum tipo de deficiência (auditiva, visual, física ou mental), segundo estimativa IBGE 2010, esse assunto deveria ser colocado em maior evidência, pois sabemos que ainda existe muita discriminação e preconceito em relação a pessoa deficiente que por muitos, é considerada incapaz de exercer a sua cidadania e viver a vida normalmente como qualquer pessoa "dita" normal. O que é normal hoje em dia? Todos somos diferentes, seja em pensamentos, em forma física, em credos ou de qualquer outra forma, e cada diferença tem o seu valor e a sua importância.

Dê valor e aprenda com as diferenças. O mundo seria muito sem graça se tudo e todos fossem iguais, portanto: "Viva a diferença."

(Rosana Almeita)

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