De asas brilhantes como se de purpurina. Este era o maior sonho do moleque na sua infância e correr atrás dela virou quase que obsessão. Apesar de todos os nasceres do sol já o encontrarem de pé, rondando os jardins de toda vizinhança, só encontrava as amarelas, brancas, pretas, cores misturadas, mas nada da grande borboleta azul. Já estava até ficando amigo destas porque parece que já o conheciam e lhe davam bom dia voando a sua volta. Mesmo que em todos os dias lhes perguntasse pela azul, não tinha resposta. Pareciam não conhecê-la, mas ele sabia que ela existia e estava em algum lugar. Mas onde, é que estava sendo o problema. Chegou a perguntar a jardineiros na praça da matriz, mas ninguém dela sabia e alguns até diziam nunca ter visto uma daquela cor, se existindo, deveria ser muito rara.
Até que um dia uma toda preta com matizes brancos e azuis lhe disse que havia passado pelo caminho por uma azul e que esta parecia estar vindo naquela direção. Tomou de sua rede de filó feito em casa mesmo e ficou de prontidão. De repente ela apareceu! Mas não era grande, e ficou na dúvida se a pegava ou deixava livre. Na sua cabeça, pegando-a agora enquanto pequena, poderia cuidá-la e tê-la linda quando crescesse, e decidiu-se pelo sim. Depois a colocou em um vidro e o fechou para que ela não escapasse. A cuidaria com o máximo carinho em todos os dias que precisasse para crescer, mas ao final da tarde, ela estava caída sem vida ao fundo do vidro. Descobriu que ainda não entendia nada de borboletas.
Anos mais tarde, encontrei a grande borboleta azul, e a fiquei admirando, sem vontade de aprisioná-la, e seu vôo inconstante acabou levando-a a pousar em meu ombro para descansar. Ao falar com ela, ouvi sussurrado de que assim como seu vôo, seria a vida e descobri então porque tanto queria a grande borboleta azul.
De vez em quando nos encontramos ainda por aí, e ela sempre me sorri. E eu? Só posso dizer, obrigado Vida.
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