quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Free Shops do lado de cá

*José Sperotto

Grande número de cidades da região da fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai sofre com a falta de perspectivas para o desenvolvimento econômico e, consequentemente, social. Seu comércio vem definhando ao longo de anos. Indústrias, de pequeno ou grande porte, nem projetam se instalar por lá. Enquanto isso, as cidades do outro lado da fronteira tem seu comércio solidificado a cada ano, vivendo um eldorado moderno. Por lá há empregos, por aqui, desesperança.

A riqueza de nossos irmãos uruguaios está se acumulando a partir dos consumidores verde-amarelos. Dezenas de milhares de brasileiros, de carros, ônibus, ou de qualquer outra forma de transporte, vão diariamente fazer compras nas cidades uruguaias. Em 2010, por exemplo, calcula-se que gastaram mais de 1 milhão de dólares, em compras de bebidas, tênis, perfumes e outros produtos adquiridos nas lojas "hermanas". Todo este dinheiro, todavia, poderia estar gerando renda e, acima de tudo, elevando a autoestima da população fronteiriça. Como? Com uma simples medida: Parte dos problemas poderia ser resolvido com a abertura dos free shops do lado de cá, nas cidades gêmeas na zona de fronteira.

No últimos dias, participei de audiências públicas onde ouvi, das lideranças e também dos próprios moradores, um clamor pela urgente aprovação do projeto de lei nº 6316/2009, de autoria do deputado federal Marco Maia (PT) que prevê a abertura de "lojas francas", em cidades gêmeas do território nacional brasileiro, que sejam ligadas por estradas federais.

Desta forma, em vez do nosso suado dinheiro ir embora para a "banda oriental", podemos fazer com que ele fique rendendo no lado de cá, permitindo a geração de emprego e renda. Assim, as atuais e as futuras gerações poderão ter emprego nos municípios do Chuí, Jaguarão, Aceguá, Santana do Livramento, Quaraí e outras localidades que fazem fronteira também com a Argentina.

A implantação dos free shops nas fronteiras do Brasil é uma demanda apartidária, que busca estancar o empobrecimento das populações locais e a migração. Não dá mais para fechar os olhos, a solução mais rápida é a união da sociedade em prol da aprovação deste projeto em Brasília.


*Deputado estadual (PTB) - Vice-presidente da Assembleia Legislativa

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