No “Banco da Praça”...
Resolvi instalar meu escritório de gerente para alcançar melhor visão do que se passava com nossas pessoas.
Logo um casal de jovens apaixonados passou, alheio a presença de qualquer pessoa, como se investidores experientes fossem, aplicando em cdbeijos, ppabraços, tentando garantir naqueles momentos de carinho sem parar a direção do futuro.
Um outro casal de cerca de quarenta anos passou discutindo, cada um de um lado da calçada, como se estivessem tentando em uma mesa de reuniões fechar um acordo para o fim da sociedade, e agora parecia só importar quem iria ficar com o quê? Na realidade de agora, ficava clara a má aplicação dos recursos que a vida lhes dera, ao mesmo tempo em que notei que, de nenhuma das partes aparecia um sinal de boa vontade de demonstrar que houve alguma soma entre eles durante todo o tempo de dois.
Alguns senhores saíam de um café da praça, de mãos nos bolsos, passos calmos e tranqüilos para buscar novos assuntos, quem sabe em outras paradas antes de chegarem ao porto seguro construído no passado. Por eles passou rápido e de rosto sério um cidadão com uma longa tripa de extrato bancário. Deve ter saído de alguma agência bancária ali por perto e parece que a coisa não estava mesmo nada boa. Nem sempre mesmo nossas apostas são as mais corretas e se perdermos um ponto teremos que correr atrás de dez. Esta é a lei da consequência.
Mas de meu gabinete gerencial e observador o que mais chamou a atenção, foi o casal de idade já avançada. Passos lentos e caminhando em um único compasso, pareciam e não deveriam ter mesmo pressa de alcançar o futuro, até porque do passado, das mãos entrelaçadas, pareciam brotar milhares de notas de cumplicidade, apoio, carinho e amor.
Olhei meu relógio, e decidi que depois destes clientes poderia fechar meu escritório e ir embora, porque afinal de contas, já havia encontrado os clientes perfeitos para minha gerência, e o depósito que deixaram sobre minha mesa de trabalho, precisava ser bem aplicado também no meu “Banco da Praça”.
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